segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Espaço educativo da exposição Geometria da Transformação por Maria Inez Cavalcante


Desenho por João Pedro Brasil Cavalcante de 8 anos de idade. Cursa o 3o ano fundamental no Colégio Santa Rosa.

Por muito tempo, a Educação Artística se constituiu em uma atividade escolar baseada estritamente em sala de aula e  no fazer gráfico/plástico da criança, desvinculada, salvo raras exceções, da origem desta área do conhecimento isto é, da arte em si. Aprendia-se arte sem ver arte, o que é o mesmo que aprender a ler sem ter acesso aos livros.
Ler, portanto, não é tentar decifrar ou adivinhar de forma isenta o sentido de um texto, mas é, a partir do texto, atribuir-lhe significados relacionando-o com outros textos na busca da sua compreensão, dos seus sentidos e de outras possíveis leituras. Paulo Freire (1993) nos falava da necessidade de aprender a fazer a leitura do mundo, não mecanicamente, mas vinculando linguagem e realidade e usava o termo cosmovisão ao referir-se a esse alargamento do olhar. Transpondo estas ideias para o ensino da arte, podemos dizer que a leitura das imagens tem objetivos semelhantes e abrange a  descrição, interpretação, compreensão, decomposição e recomposição para que se possa apreendê-las como um objeto a conhecer.
O ensino da arte no Brasil se mostra cada dia mais abrangente, não ficando restrito ao âmbito escolar. Já se refere  a arte educação os projeto de ação educativa de instituição culturais.
Hoje vemos espaços educativos em Museus e Galerias de Artes, trazendo mais para perto as obras de artes. Com isto, a arte educação transpôs os limites das salas de aula e invadiu os espaços expositivos das galerias, tornando-se, assim, não somente espaços de exibição artística, mas também de aprendizagem. Com relação aos termos, mediador e educador, é possível compreender que ambos são educadores, inclusive os mediadores ainda que este atue em um espaço diferente da escola.
No  Museu Nacional do Conjunto Cultural da Republica, está acontecendo uma exposição da Geometria da Transformação – Arte Construtiva Brasileira na Coleção Fadel, com um espaço educativo criado para receber estudantes de várias escolas e comunidades. Neste espaço, os museus possuem objetivos como: educar, facilitar o acesso à cultura, socializar, favorecer a prática da cidadania, formar indivíduos críticos, criativos e autônomos. O espaço físico determina a forma com que a visita é realizada. Como trata-se, em geral, de um trajeto aberto, o visitante deve ser cativado pela exposição durante seu percurso.  Nesse contexto, o professor precisa ser visto como parceiro, agente multiplicador, e não como mero receptor de produtos culturais. O tempo geralmente as visitas são efêmeras, de curta duração e espaçadas. O tempo reservado para uma visita varia de acordo com cada tipo de público.
Visitar uma exposição de arte é um momento especial. Trata-se de uma transmissão de conhecimento. É entendida como uma ação cultural, que consiste no processo de mediação, permitindo ao estudante  aprender, em um sentido amplo, o bem cultural, com vistas ao desenvolvimento de uma consciência crítica e abrangente da realidade que o cerca. Esse encontro acontece de diferentes maneiras: quando apreciamos a obra de arte, ao imaginarmos o processo construtivo que culminou naquela obra e o contato visual com o próprio espaço expositivo. O artista ao elaborar sua obra, assim como o curador da exposição, pensa em cada detalhe, sobre as cores, as formas, os materiais, o local, o tamanho, e muito mais.  E esta exposição, trata, especificamente, do percurso da arte construtiva brasileira, com obras de significativa importância e artistas consagrados e reconhecidos. Foram eles que buscaram a expressão por meio de formas, linhas e cores construídas e reconstruídas numa relação que vai além da geometria e da matemática, em busca de conceitos plásticos, abstratos, uma combinação que domina o espaço, permite a noção de equilíbrio, da proporção e da simetria.
Os estudantes são encaminhados ao “Espaço Educativo”, onde eles encontram: um espaço adequado com uma mesa retangular grande, com várias cadeiras, nela encontram-se  lápis de cor,  cola,  papel de todo tamanho, com texturas e cores diferentes e na parede encontra obras dos artistas expostos em tamanho reduzido e  uma monitora. A monitora que orienta os estudantes  pergunta sobre as suas preferências, o que eles aprenderam e observaram, e ouve suas críticas e sugestões. Ela pede aos estudantes que criem  obras,  diante do que foi exposto, para aguçar sua curiosidade, mostra os materiais, para que façam os trabalhos com  a delicadeza, a força do movimento, a linguagem geométrica, as texturas e que  reproduzem de maneira lúdica as obras. Comenta do apreciar da visita, de contextualizar sobre o que eles ouviram. Ao visitarmos as exposições das principais instituições culturais do país nos é oferecido o serviço de monitoria, orientação, ou ainda mediação.
Todos os trabalhos elaborados no espaço educativo, acabam por tornar uma nova exposição com obras e imagens visitadas na exposição.
Graças a uma grande conscientização dos profissionais da área, os museus adotaram uma postura mais enriquecedora sobre os conhecimentos das áreas de artes.
Com suas  características muito diversas, com acervos diferentes, espaços físicos extremamente distintos uns dos outros, histórias peculiares, porém, todos têm algo em comum: a preocupação com sua função social, com o papel que representam dentro de sua comunidade.
 Os museus compreendem que eles não existem sem seus visitantes.


Referência

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa . Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1993b.






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