domingo, 8 de dezembro de 2013

DULCINARUA

No dia 07 de dezembro os alunos da disciplina tópicos especiais em intervenção urbana do 2o/2013 saíram às ruas para apresentar suas propostas. Confira um pouco do evento!



"é primavera no jardim silencioso do conic" -  A intervenção de Edna Galisa com vasos de flores reinventou as fontes desativadas em frente à faculdade.

Nássara distribuiu mudas de lichia em um protesto poético contra a aridez do concreto em frente ao museu. 

Cida apresentou sua escultura de formiga gigante aos passantes.


Ana Lucia propôs novos direcionamentos espalhando setas coloridas em frente à faculdade.

 A caixa sonora de Sandra surpreendeu os transeuntes.

Aline Mota escolheu o prédio da faculdade para inserir suas marcas.

Maurício atacou de papai-noel bizarro na guerrilha contra a deturpação do natal.

Rapadura, nosso coletivo de um homem só, escalou corajosamente o teatro nacional de onde lançou latas de alumínio buscando chamar atenção para a calamidade dos usuário de crack instalados nessa região. Se Rapadura fosse do tamanho da sua generosidade não ia ter tijolinho do Athos que segurasse...

Para aliviar as tensões, Lana panfletou plástico bolha pra galera.



Ítalo pagou de rei do camarote, foi servido pela Gabi e os dois levaram a comunidade do conic ao delírio.

Pena Pride e Kurió transformaram-se nos homens-seta para serem encontrados na multidão. 

Não acaba por aqui, em breve, mais e melhores registros do evento. E dia 14 de dezembro prosseguimos com novas apresentações e o encontro com o pessoal que realizou suas propostas em outros locais!


sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Observação da obra "eles não sabem o que fazem" do coletivo TrêsPe por Ítalo Oliveira


Coletivo TrêsPe. Eles não sabem o que fazem2013

Ao observar a obra “eles não sabem o que fazem” que faz parte da Exposição Instantes, do Coletivo TresPe (DF), me veio à tona uma série de perguntas, dentre elas as principais foram: Qual a função da moldura? Qual o lugar da moldura na obra de arte? Quem é o artista, quem sabe ou quem não sabe? E a partir delas pode-se chegar a uma quantidade de hipóteses não conclusivas, até por que não é este o objetivo.

A moldura na obra de arte é como a cerca do pasto, esse é uma das primeiras de várias comparações a respeito da obra. Ela tem a função, nesta comparativa, de delimitar o lugar do alimento, tanto o do capim quanto o do gado. Então, sua função seria determinar o lugar; definir propriedade de algo que alimenta a muitos, mas que pertence a um? Ela muito se parece com as linhas do campo de futebol ou da gostosa brincadeira da amarelinha e tudo que está externo às suas fronteiras é considerado fora do jogo; por isso, não é arte o que está fora da moldura. E a própria moldura é arte ou mero divisor de águas, uma linha que define o que está e o que não está no jogo, uma cerca que deixa claro de quem é a posse?

Neste modo de repensar a moldura há necessidade de expandir o olhar e perceber que o lugar onde são colocadas as molduras nas exposições e espaços tradicionais não é obra do artista, apenas um suporte, um espaço pré-determinado ou acordado. Sendo assim, o artista não tem autoria sobre o espaço? Assina apenas o que está dentro das “fronteiras” do seu trabalho? Vê-se que a relação que o espectador faz com a obra parte de um ponto confortável. A moldura das pinturas é colocada tradicionalmente à altura dos olhos, gerando um conforto que incomoda. Por outro lado, a interação do espectador, do andante, ou de qualquer pessoa que tenha contato com a obra de arte pode começar a fazer sentido quando este precisa sair deste centro confortável e olhar para cima, para baixo, se esticar, se mexer de qualquer modo. O que faz com que a interação se estabeleça com mais eficácia.

Outras perguntas se fazem presentes em contato com a obra, e elas tem um vínculo direto com o título da obra: se eles não sabem, como o fazem? Já que fazem sem saber, por que fazem? Essas e outras perguntas vão conduzindo o pensamento para o operário que muitas vezes faz a obra e não tem nenhuma autoria sobre ela, mostra o quanto é distante o entendimento do executante não-artista a respeito da obra que ele mesmo faz. E este fato é muito comum em obras de vários artistas que pensam e assinam uma peça, mas não a fazem com as próprias mãos.  Muitas vezes, quem faz não chega a compreender a complexidade dos seus feitos e das consequências criadas a partir dessa relação de interdependência entre artista e operário.

No Museu Nacional, na noite de onze de setembro, vi que houve algumas interferências de pessoas na obra analisada. O mais interessante é que não existiu um convite direto à interação, como ocorreu em outras intervenções naquele espaço; mas alguns mais afetados pela obra sentiram necessidade de bater alguns pregos na moldura, de farpar a cerca, de desenhar as linhas do campo deixando ali sua contribuição para o jogo, confundindo ainda mais o sentido de autoria e ajudando o operário com sua missão remunerada e sem fins subjetivos.

Contudo, pude concluir que “eles não sabem o que fazem” é uma obra bastante intrigante por que me dirigiu ao questionamento. Apresentou nova possibilidade para um objeto com lugar, finalidade e contexto aparentemente definidos.

Ítalo Oliveira é ceilandense, estudante de teatro e empregado dos próprios desejos.