"A obra nasce de apenas um toque na matéria. Quero que a matéria de que é feita minha obra
permaneça tal como é, o que a transforma em expressão é nada mais que um sopro;
um sopro interior, de plenitude cósmica. Fora disso não há obra.
Basta um toque, nada mais."
permaneça tal como é, o que a transforma em expressão é nada mais que um sopro;
um sopro interior, de plenitude cósmica. Fora disso não há obra.
Basta um toque, nada mais."
Helio Oiticica
vista da instalação de Gê Orthof na vitrine da loja Hill House
Pouco sei
sobre a vida e o trabalho desse artista conhecido como Gê Orthof, mas me atrai
instantaneamente por sua produção exposta na Hill House. Primeiro a vitrine e
depois suas caixas de vidro musicais. Esse tipo de arte (no caso da vitrine) é denominado
INSTALAÇÃO¹. Particularmente, gosto da ideia dos objetos dispostos no espaço
aleatoriamente, ou não. A proposta da construção e desconstrução. Da relação
que se estabelece com o observador. Da interação sensitiva com o outro. Da
perspectiva imposta pelo fato dos objetos estarem se comunicando de forma mais
expansiva com o meio – e não apenas visualmente.
No caso
de Gê Orthof, sinto nele uma ligação com o lúdico, a fantasia, o imaginário.
Seus objetos são, em sua maioria, miniaturas. Coisinhas muito pequenas que nos
fazem adentrar no espaço de infinitas possibilidades. Trouxe-me a reflexão de
cada um com seu micro universo particular se relacionando com o macro coletivo.
O pequeno no grande o grande no pequeno. A vitrine me despertou pela harmonia
da composição, pela ideia de uma “vitrine poética”, uma “vitrine artística”,
uma “vitrine que me leva além” – a arte se apropriando de espaços,
aparentemente, triviais. Objetos diversos misturados e unidos em equilíbrio
pelo tom das cores e sua disposição no espaço tempo. Dobraduras simplistas em
formato de casas, ligadas por barbante cor de rosa, flutuavam no espaço dando a
sensação de constelações estelares – estrelas que ao mesmo tempo são casas, casas
que abrigam “lar doce lar”. E do alto, exatamente no centro da composição,
desce uma linha que se espalha pelo chão como um fio terra, uma âncora, que
aterra (quem sabe?!...) gerando uma explosão dinâmica e estática ao mesmo
tempo. Logo a esquerda um pilar de luzes se eleva irradiando tons de rosa,
violeta, amarelo – luminosidade! E a direita um pufe - um banco quadrangular -
cor de rosa com uma concha de vidro descendo do reino dos céus!? Tudo muito curioso!
Ao fundo uma extensa parede - em tom voltado para o cinza, para o terra – traz
neutralidade. Inúmeros objetos que, a princípio, não tem muita relação entre
si, se colocam dispostos formando uma narrativa, como um caminho que vai se
formando, se abrindo, se fechando, como um plano de fundo, como uma paisagem
distante no horizonte. E, para fechar, vemos em baixo, no chão, duas caixas de vidro
com caixinhas musicais da sua produção sonhadores ressonantes. Acredito que
essa vitrine tenha sido a conjunção de suas ideias, de pesquisas e trabalhos
anteriores ocupando um único espaço. Resignificando a ordem das coisas.
¹ termo
incorporado nas Artes Visuais na década de 1960
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