A impressão de Flemming
que antes seria uma fotomontagem, está em um tamanho de um metro e meio de
altura por dois metros de largura. Pendurada na parede, porém apresenta três borrões circulares de tinta nas
cores verde e branco, e junto, um recorte de um mapa onde situam-se a Índia,
o Paquistão, a China e o Afeganistão, um recorte do oriente médio, formam
um quadrado (os três borrões circulares junto com o recorte de um mapa). A cor
de fundo vermelha contrasta com um recorte de um corpo forte onde
aparecem nádegas, coxas, e um pedaço das costas de um homem que apresenta
uma cor azul e se inclina para a esquerda.
Na imagem de Flemming há equilíbrio
entre os elementos. A inclinação do corpo azul para a esquerda é compensada pelo vermelho que sobra ao fundo, o recorte
do corpo e o vermelho competem pela nossa atenção. Os quatro elementos:
três círculos borrados com verde e branco e o mapa vermelho formam um quadrado
quase centralizado na obra. O que mais chama a atenção na impressão é exatamente
o mapa que está sobre a nádega esquerda da figura humana.
Pelas escolhas das
cores e também por haver claros, escuros e diagonais, existe em sua
fotomontagem, uma influência pictórica. Pode haver interesse em transmitir algum
tipo de sensação pela sugestão do movimento do corpo. Sensação essa, ligada ao fato
de o mapa estar localizado na nádega esquerda, o mapa é deslocado e realocado no
corpo. Com informações sobre bombas asiáticas, ogivas nucleares, mísseis e locais
de testes dessas mesmas bombas. Um corpo sentido pelo conflito que se passa, uma
identidade cingida e transformada pelas consequências nucleares (as massas de
tinta verde e branco cores do lixo toxico e possíveis representações do átomo),
o corpo azul, agora antinatural, quese sucumbe. O homem cai em direção ao lado
escuro da imagem, ou se afasta, ou é afastado pelo clarão (o outro lado da
montagem) que as bombas liberam ao serem detonadas.
O corpo atlético, apesar de nu, não traz erotismo na imagem, representando almejo à perfeição
(conceitos ocidentais) não consegue escapar do conflito, o qual produz uma nova
identidade sobre o corpo, que foge ao controle do indivíduo. Percebendo as
relações de proporção entre os objeto da imagem, talvez Flemming queira passar
que o ser humano é maior em valor do que os conflitos em que ele está dentro,
de certo um paradoxo, o traz a essa obra um sentido humanista. Flemming
organiza sua obra de forma que a zona de conflito está localizada na bunda de um
corpo trabalhado pelos exercícios, a bunda é um lugar com menos nobreza se
comparada a outras partes (valores ocidentais, de uma cultura da valorização do
corpo, da juventude, da perfeição, advinda de uma história da imagem que
conhecemos), podendo passar com isso descaso sobre o conflito e a zona
conflitante por parte do ocidente. Não obstante, continua a marcar o corpo, pois
esses conflitos assumem proporções mundiais, difíceis de não se deixar afetar,
assim não é somente a identidade cultural, étnica, política do sujeito que é marcada,
mas também a do resto do mundo. A identidade mostrada de forma dupla,
consegue assim lidar tanto com o indivíduo ocidental quando oriental em sua obra.
A série de Flemming,
Body Builders ("marombados") é composta pelos corpos malhados
(body builders), claramente uma critica social contemporânea, alertando a
fragilidade do corpo mediante a luta pelo poder.
Dados da Obra:
Alex Flamming
Índia X Paquistão da série Body Builders
Fotomontagem / impressão digital
155 X 203 cm
2011
Alex Flamming
Índia X Paquistão da série Body Builders
Fotomontagem / impressão digital
155 X 203 cm
2011
Helton Azevedo cursa Licenciatura em artes visuais na Faculdade de Artes Dulcina de Moraes
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