quinta-feira, 10 de maio de 2012

Alex Flemming: Índia x Paquistão por Helton Azevedo


A impressão de Flemming que antes seria uma fotomontagem, está em um tamanho de um metro e meio de altura por dois metros de largura. Pendurada na parede, porém apresenta  três borrões circulares de tinta nas cores verde e branco, e junto, um recorte de um mapa onde situam-se a Índia, o Paquistão, a China e o Afeganistão, um recorte do oriente médio, formam um quadrado (os três borrões circulares junto com o recorte de um mapa). A cor de fundo vermelha contrasta com um recorte de um corpo forte onde aparecem nádegas, coxas, e um pedaço das costas de um homem que apresenta uma cor azul e se inclina para a esquerda.
Na imagem de Flemming há equilíbrio entre os elementos. A inclinação do corpo azul para a esquerda é compensada pelo vermelho que sobra ao fundo, o recorte do corpo e o vermelho competem pela nossa atenção. Os quatro elementos: três círculos borrados com verde e branco e o mapa vermelho formam um quadrado quase centralizado na obra. O que mais chama a atenção na impressão é exatamente o mapa que está sobre a nádega esquerda da figura humana. 
Pelas escolhas das cores e também por haver claros, escuros e diagonais, existe em sua fotomontagem, uma influência pictórica. Pode haver interesse em transmitir algum tipo de sensação pela sugestão do movimento do corpo. Sensação essa, ligada ao fato de o mapa estar localizado na nádega esquerda, o mapa é deslocado e realocado no corpo. Com informações sobre bombas asiáticas, ogivas nucleares, mísseis e locais de testes dessas mesmas bombas. Um corpo sentido pelo conflito que se passa, uma identidade cingida e transformada pelas consequências nucleares (as massas de tinta verde e branco cores do lixo toxico e possíveis representações do átomo), o corpo azul, agora antinatural, quese sucumbe. O homem cai em direção ao lado escuro da imagem, ou se afasta, ou é afastado pelo clarão (o outro lado da montagem) que as bombas liberam ao serem detonadas.
O corpo atlético, apesar de nu, não traz erotismo na imagem, representando almejo à perfeição (conceitos ocidentais) não consegue escapar do conflito, o qual produz uma nova identidade sobre o corpo, que foge ao controle do indivíduo. Percebendo as relações de proporção entre os objeto da imagem, talvez Flemming queira passar que o ser humano é maior em valor do que os conflitos em que ele está dentro, de certo um paradoxo, o traz a essa obra um sentido humanista. Flemming organiza sua obra de forma que a zona de conflito está localizada na bunda de um corpo trabalhado pelos exercícios, a bunda é um lugar com menos nobreza se comparada a outras partes (valores ocidentais, de uma cultura da valorização do corpo, da juventude, da perfeição, advinda de uma história da imagem que conhecemos), podendo passar com isso descaso sobre o conflito e a zona conflitante por parte do ocidente. Não obstante, continua a marcar o corpo, pois esses conflitos assumem proporções mundiais, difíceis de não se deixar afetar, assim não é somente a identidade cultural, étnica, política do sujeito que é marcada, mas também a do resto do mundo. A identidade mostrada de forma dupla, consegue assim lidar tanto com o indivíduo ocidental quando oriental em sua obra.
A série de Flemming, Body Builders ("marombados") é composta pelos corpos malhados (body builders), claramente uma critica social contemporânea, alertando a fragilidade do corpo mediante a luta pelo poder.
Dados da Obra:
Alex Flamming
Índia X Paquistão da série Body Builders
Fotomontagem / impressão digital
155 X 203 cm
2011
Helton Azevedo cursa Licenciatura em artes visuais na Faculdade de Artes Dulcina de Moraes

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